quarta-feira, outubro 22, 2008
Rescaldo do Estágio SUB16
Afonso,
Há uns anos os meus filhos Ricardo e João Brito entraram para o Rugby do Belém, após terem percorrido vários desportos e de termos de os "arrastar" para qualquer prática desportiva. Pensávamos que seria mais uma ilusão. Iam experimentar e dentro de poucos meses desistiriam.
Como estávamos enganados...Foi nesta modalidade que eles encontraram o rumo das suas vidas. Foi com o Rugby que eles sentiram a verdadeira palavra EQUIPA. A força deles era tanta que o Ricardo jogou 3 meses com um ombro partido sem nunca se queixar e que dores ele tinha. O João esteve parado uns meses com um problema no joelho e teve de ir ao médico porque estava com uma depressão por não poder jogar.
Para mim, enquanto mãe era muito difícil entender esta entrega, nunca os tinha visto assim. Felizmente tive a sorte de viver bem de perto um dos momentos mais importantes da vida dos meus filhos e de todos aqueles que integram a equipa dos Sub-16.
Foi-me solicitada ajuda para comparecer no estágio dos Sub-16, no domingo dia 19, para ajudar estes jovens com os estudos. Aceitei de coração aberto e, assim, eu e a Teresa saímos de Lisboa às 08h00 cheias de alegria mas a pensar como estariam aqueles meninos...será que iriam estudar alguma coisa de jeito? será que não iam adormecer, depois da noite que tiveram?...será que...? será que...? as perguntas eram muitas.
Pelas 10h00 chegámos ao quartel de Leiria. Já estavam todos formados e de mochilas às costas à nossa espera. Em cada um deles havia um sorriso, os olhos brilhavam de alegria. Olhámos uma para a outra como que a dizer...afinal dormiram a noite toda. Pura ilusão não tinham dormido as horas normais...ninguém diria.
Entrámos na sala de aulas. Sentaram-se em dois grupos: Ciências e Letras. A agitação era geral. Piada e risadas ecoavam por toda a sala. Ninguém se ouvia. Até que dissemos: "vamos começar". Fez-se silêncio, cada um pegou nos seus livros, cadernos e estojos e toca a trabalhar.
A pouco e pouco e dúvidas foram sendo esclarecidas. Os exercícios foram feitos. Os cadernos começaram a encher-se. Ali não estávamos 2 professoras, mas um grupo a lutar para o mesmo. Entre eles houve muita ajuda. Tiravam dúvidas uns com os outros com muito respeito e educação. Ali estivemos 2 horas que passaram a correr.
Após este tempo alguns perguntavam: já terminou? não podemos ficar mais um bocadinho? mas o autocarro já estava à espera para os levar ao local do almoço. Não podíamos ficar mais tempo, não por nós, nem por eles mas por uma questão de logística.
Tive a oportunidade de trocar impressões com alguns e ouvi coisas tão bonitas que me comoveram. Tenho 44 anos, todos eles têm idade para serem meus filhos, mas quando os ouvi não eram crianças que estavam a falar comigo mas Homens, com "H" maiúsculo. Diziam: "Ontem estávamos estoirados, só nos apetecia desistir, foi duro, mas quando este pensamento vinha à cabeça, nós dizíamos pela equipa vamos conseguir"...e a verdade é que conseguiram.
Outra situação que me impressionou foi no final da tarde. Enquanto falavas alguém falou mais alto que tu e disseste: "enche 10". Nisto ouve-se uma voz: "vamos equipa...não o vamos deixar sozinho" e todos se puseram em posição, sem uma única reclamação.
Ainda lhes disse: Nunca mais querem repetir!!! oh tia hoje não...mas assim que pudermos queremos voltar a ter um estágio destes.
Eles adoraram e viu-se no rosto de cada um. A ti Afonso e a toda a equipa que acompanhou estes jovens eu quero agradecer tudo aquilo que lhes foi transmitido. Ao ver a felicidade no rosto dos nossos filhos só nos podemos sentir realizados e felizes por termos gente capaz de os acompanhar e ajudar os pais na formação dos seus filhos.
Quando chegámos a Belém todos vieram agradecer o termos estado na sala de aulas a estudar com eles. Isto só pode significar que tudo foi importante para eles. Brincadeira...exercícios...jogos e estudo.
Bem haja a todos que tornaram este fim-de-semana possível.
Cristina Brito
(Obrigado Cristina por todo o apoio!)
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