Volte-face
por Tomaz Morais
«Infelizmente iremos jogar a importante 2.ª volta de apuramento para o Mundial com alterações significativas nas leis de jogo, que não são em nada benéficas para as nossas características e forma de estar no jogo. O ano passado, por imposição da IRB, foram feitas alterações e variações experimentais às leis de jogo com o objectivo de o tornar mais dinâmico, perceptível, seguro e espectacular. No hemisfério norte os países decisores, nomeadamente os das ilhas britânicas, foram mais conservadores e não deixaram que todas as alterações que tão boas indicações deram no hemisfério sul lhes fossem impostas. Recearam que a maior criatividade e velocidade dos jogadores do sul fosse beneficiada e os afastasse ainda mais de alcançar os objectivos, uma vez que o seu jogo se baseia num maior contacto físico directo, com a bola escondida e na utilização do jogo ao pé para ganhar domínio territorial. Nas alterações mais significativas verificámos o princípio do fim do maul dinâmico, ao ser permitido o seu derrube directo, e o facto de se transformarem algumas das penalidades, nomeadamente as de jogo no chão em pontapés livres para serem jogados à mão. Se a primeira foi de aceitação geral, a segunda jamais seria aprovada. Para Portugal, o facto de se poder defender o maul dinâmico com o derrube directo ao jogador portador da bola, tornou-se uma arma defensiva fundamental para o sucesso obtido contra equipa morfologicamente assustadoras como são a Geórgia, a Rússia e a Roménia. Foi o 1.º ano, dos últimos 10, que não sofremos um ensaio desta forma. Este volte-face, ao não permitir o derrube do maul dinâmico, vem prejudicar equipas com uma atitude de jogo mais rápido e aberto como é o nosso caso. Só nos resta voltar a unir forças para sofrermos e defendermos o maul à nossa maneira... não será nem poderá ser esta adversidade que nos vai parar! Não me parece bem que numa qualificação para o Mundial se jogue com regras distintas entre a 1.ª e a 2.ª voltas, no entanto a pressão dos tutores da modalidade foi mais forte do que a verdade desportiva.
Sabemos que no hemisfério norte poucos serão aqueles que poderão estar connosco na defesa da não autorização de uma obstrução permitida. Voltaremos ao jogo obsoleto, fechado e pouco criativo que assenta na força bruta e no peso dos jogadores.
in Jornal A BOLA 19/05/09
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